#Eventos.01 — DEXCONF19 Redux | São José dos Campos

Giovana Dias
8 min readSep 19, 2019

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E aí, galera, tudo bem?

Aqui, nesse post, nós vamos começar uma série de registros sobre alguns eventos que andam rolando. O por quê? Bom, assim eu absorvo melhor o conteúdo passado nesses eventos e vocês, que lerão os artigos, podem aprender junto comigo :)

Nesse artigo, a gente vai falar sobre a DexConf 2019 Redux que rolou em São José dos Campos, no dia 14 de setembro.

O evento, voltado ao design de interação, contou com a presença de Anderson Gomes, Ricardo Couto e Eurípedes Guimarães, e trouxe assuntos como psicologia da experiência do usuário e estratégia no UX Design. Além disso, um assunto super importante e paralelo as palestras apresentadas recebeu um grande destaque nesse evento: a acessibilidade.

E agora chegou a hora de focar um pouco mais nesses assuntos ;)

Design como método para definir estratégias — com Anderson Gomes.

Nessa palestra, Anderson nos trouxe reflexões sobre a maturidade do design, métodos de estratégia de UX e algumas observações sobre as emoções no UX Design.

Ele começou a palestra nos fazendo refletir bastante sobre a maturidade de um designer, a maturidade das empresas quanto ao design e sobre como o egocentrismo influencia negativamente o produto final.

Maturidade do design

Nessa parte, ele nos mostrou quatro estágios da maturidade da empresa quanto ao design, sendo:

  • External (externo) - quando uma agência externa produz conteúdo para a empresa;
  • Part (parte) - quando a empresa possui um time de design, como uma agência interna;
  • Core (núcleo) - quando o design faz parte de grande parte da empresa, mas ainda como algo separado do todo.
  • Integral (integrante) - quando a empresa, em um todo, vive o design como uma cultura. Como se estivesse no DNA da empresa.

Maturidade do designER

Além de falar sobre a maturidade do design, falou também sobre a maturidade dos designers, dividindo-a em 4 estágios:

  • Defensor - quando o designer pretende, principalmente, vender sua ideia e demonstrar o quão bom é.
  • Questionador - quando o designer começa a ver problemas exageradamente em diversos projetos, se sentindo na razão disso.
  • Propositor - quando o designer entende que não é superior a todos, e começa a questionar perguntas construtivas.
  • Servidor - quando o designer sabe que está ali para prestar serviços a fim de ser um facilitador para o mundo e para o seu usuário.

Falou também sobre como é importante ter um propósito pessoal na profissão. Como exemplo, ele disse que o propósito dele é diminuir a burocracia.

Desejabilidade, praticabilidade e viabilidade.

Fazendo uma conexão entre um bom produto e a maturidade do design e do designer, Anderson nos mostrou o triângulo de Keeley e como o seu desequilíbrio afeta nosso produto.

Nele, temos três espaços:

  • Desejabilidade, que se refere ao que o usuário deseja
  • Viabilidade, que se refere à disponibilidade financeira
  • Praticabilidade, que se refere à você ter ou não recursos para fazer o produto

De acordo com Anderson, o desequilíbrio disso pode gerar algo:

  • Impossível (quando você tem desejabilidade e viabilidade, mas não tem praticabilidade)
  • Filantrópico (quando você tem desejabilidade e praticabilidade, mas não tem viabilidade)
  • Inútil (quando você tem viabilidade e praticabilidade, mas não tem desejabilidade)

Nascissistic products suck

Para finalizar essa reflexão, Anderson se baseou em uma palestra da designer Kendra L. Shimmell e nos deixou a seguinte provocação: será que estamos focando no design ou no usuário?

Com focar no design, ele quis dizer em como isso aparece na empresa. E com focar no usuário, ele quis dizer em como isso realmente ajuda e facilita a vida das pessoas.

Afinal, estamos trabalhando para parecermos importantes ou para realmente ajudar e facilitar a vida do usuário?

Completou nos dizendo sobre como o egocentrismo e a vontade de sempre parecer bom pode influenciar no resultado final, que deveria servir ao usuário, e não à uma autopromoção. Afinal…

“Nascissistic products suck” — Kendra Shimmell

Mas, ei, a palestra não foi só reflexão! Anderson nos disse que usabilidade não é tudo em um produto. Afinal, porque fazer um produto com uma boa usabilidade se ele for inútil? E, seguindo isso, nos mostrou diversos métodos de estratégia utilizados por ele e na sua empresa, sendo, os que mais me chamaram atenção:

Nós temos/Nós queremos

Nesse método, é feito uma tabela (ou um quadro com post-its, que é melhor ainda!) com dois tópicos principais: “Nós temos” (mostrando o que a empresa já tem) e “Nós queremos” (mostrando o que a empresa quer ter). Dentro do segundo tópico, temos uma divisão entre “Nós precisamos” e “seria legal”. Esse é um ótimo método para definir prioridades ;)

Perfil, contexto e verbo.

Nesse método, dividimos três espaços onde organizamos o perfil que o usuário teria ou não teria (em “perfil"), o contexto em que o usuário usaria o produto ou não usaria (em “contexto”), e o que ele poderia fazer ou não com o produto (em “verbos”). É um ótimo método para nos dar insights sobre o nosso usuário e sobre as funcionalidades do nosso produto ;)

Lower impact/Upper impact

Nesse método, tabelamos qual o menor impacto e o maior impacto de conversão que podemos gerar mensalmente. Assim, falamos a língua do nosso cliente, os mostramos que o que fazemos realmente está dando certo.

Undercover Boss: ouvir, viver, fazer

Anderson nos apresentou o Undercover Boss: um método que nos coloca para ouvir o que o usuário tem a dizer, para viver com o usuário e conhecer a vivencia dele e, por fim, fazer algo que realmente o ajude. É um ótimo método para aumentar nossa empatia com o nosso usuário ;)

Three masks

Nesse método, são formados trios na equipe onde cada pessoa tem um papel: uma delas fala bem do produto, uma delas fala mal do produto, e uma delas fala de maneira neutra do produto. Depois disso, elas revezam. Esse método pode nos ajudar a deixar preconceitos e julgamentos ruins sobre o produto de lado, e entender ele de modo geral.

Diferencial semântico

Nesse método, é criado uma comparação entre qual é o objetivo da empresa em relação a determinado tópico e como o usuário a vê em relação à ele, a partir de notas. Por exemplo: uma empresa ter como objetivo nota 5 em estética e a média dos usuários para estética ser 8.

Those prototype

É um método que reúne todos da equipe para prototipar de modo rápido, em busca de um bom resultado final. É um ótimo método para gerar ideias e dar motivação às pessoas da sua equipe ;)

Depois de apresentar métodos de estratégia para o UX, Anderson fez algumas observações sobre as emoções no design:

  • Buscamos dados para certificar nossas decisões anteriores, e não a realidade em si, e isso deve mudar.
  • Segurança financeira nos ajuda a tomar decisões mais arriscadas e corajosas.
  • Segurança psicológica faz com que experimentemos coisas novas sem muito medo de errar.
  • Gestão do tempo e da energia nos ajuda a conseguir mais resultados entendendo melhor onde estamos gastando nosso tempo e nossa energia.
  • Assumir fragilidades ajuda o time a se abrir com você, depois de perceber que vocês são iguais e criar uma certa confiança.

E assim acabou a primeira palestra ;)

Emoção versus Racionalidade na Psicologia da Experiência do Usuário — Com Ricardo Couto, Eurípedes Magalhães e participações do público.

Nesse espaço, Ricardo Couto nos ensinou sobre a economia comportamental, uma área da psicologia que tenta entender como a gente toma decisões ou como a gente lida com nossos valores financeiros. De acordo com Ricardo, nós construímos o pensamento de que a racionalidade e a emoção são fatores separados quando, na verdade, podem estar unidos; achamos que o cérebro é um motor do pensamento e que a gente só pensa com ele.

Trazendo isso pra UX: a gente interpreta as coisas diferentes quando começamos a ver as coisas como integradas e não como fatores separados. Uma tomada de decisão é um conjunto do que a gente sente e do que a gente constrói, dos nossos motivos, a partir desses sentimentos.

Ricardo citou o livro “Thinking, Fast and Slow” de Daniel Kahneman para nos falar sobre a a forma de pensar apresentada no livro. De acordo com ele, temos dois sistemas cognitivos: O sistema 1, que se refere a nossa habilidade cognitiva, as decisões que tomamos sem pensar; e o sistema 2, que se refere as nossas decisões racionais, quando paramos pra pensar em algo (e a emoção também está inserida aqui, já que não pararíamos para pensar se não fossemos motivados por algo). De acordo com Ricardo, quando fazemos uma pergunta ao usuário, ele geralmente usa o sistema 2, pensando sobre isso. Por outro lado, quando o usuário está usando um produto que projetamos, ele geralmente está usando o sistema 1.

Mas e a acessibilidade, onde entrou?

O evento, nessa edição, contou com presença de intérpretes de libras! Quando eu li isso antes do dia do evento eu fiquei super feliz em saber (ouvir palestras da Lívia Gabos faz a gente ficar feliz quando acontece essas coisas haha)

Junto com a presença dos intérpretes, tivemos momentos no Open Space para ouvir e compartilhar opiniões sobre como o mercado trata PCDs: em muitos lugares, tratam-os como quem deveria fazer trabalhos menores e mais fáceis, como se fossem menos capacitados, o que não é verdade. Além disso, outro erro muito existente é tratar a acessibilidade como uma forma de publicidade, e não realmente pensando em quem precisa dela.

Ah, deu até pra aprender a bater palmas de modo universal, em português e em libras!

E, pra finalizar, eu deixo aqui o link da live do evento que rolou no Facebook e, também, de um PDF do livro citado por Ricardo Gomes em português, caso alguém se interesse!

Live: https://www.facebook.com/ixdasjc/videos/507956923321646/

PDF: https://drive.google.com/file/d/16RiT2MjI792-8EVfYwgL6zv-i8YdO9kL/view?usp=sharing

Obrigada por ler até aqui e até a próxima, pessoal :)

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Giovana Dias

UX e UI designer apaixonada por aprender e ensinar, por literatura e por gatos. Escrevendo aqui em 3 categorias: #Eventos #UX/UI #SemRótulo